sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Desmatamento da Amazônia


Aumento da devastação em zonas e municípios tradicionais de expansão do desflorestamento expõe falha do governo na proteção à floresta.
Um mapa elaborado pelo ISA com os dados oficiais mais recentes mostra que as grandes obras e municípios campeões do desmatamento seguem como centros irradiadores da devastação da floresta amazônica (veja abaixo). O mapa considera apenas o chamado “arco do desmatamento”, zona tradicional de expansão da fronteira agrícola.
O desflorestamento continua muito alto nas áreas de influência da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém), das usinas de Belo Monte (PA) e do Rio Madeira (RO). Ele também voltou a crescer em Altamira e São Félix do Xingu (PA), em Lábrea (AM) e Porto Velho (RO) – nesta ordem, municípios com as maiores áreas desmatadas, entre 2015 e 2016, e que também estão na lista do Ministério do Meio Ambiente (MMA) daqueles prioritários para o combate ao desmatamento. Foram devastados mais de 120 mil hectares de florestas no período só nesses quatro municípios – uma área quase do tamanho da cidade de São Paulo.
A permanência dessas regiões como zonas de expansão da destruição da floresta é um indicador do insucesso das ações de combate aos crimes ambientais, exatamente quando o desflorestamento volta a disparar.

No final de novembro, foi divulgada a taxa oficial preliminar do desmatamento na Amazônia: entre agosto de 2015 e julho de 2016, foram derrubados quase 8 mil quilômetros quadrados de florestas, um aumento de cerca de 30% em relação aos 6,2 mil quilômetros quadrados registrados entre 2014 e 2015. Trata-se do maior número observado desde 2009 (saiba mais). Com base nesses dados, o ISA produziu o mapa com as regiões mais devastadas.
Ambientalistas e pesquisadores vêm denunciando que a fragilização do Código Florestal, da fiscalização ambiental e de Unidades de Conservação (UCs) estimulou o desmatamento. O período 2015-2016 é o terceiro de alta dos índices do desmatamento desde a mudança da legislação, em 2012. Ontem (20/12), o governo alterou os limites de Ucs na região da BR-163, cedendo às pressões de políticos, produtores rurais e grileiros.

“O sinal que deu o novo Código Florestal foi interpretado de maneira extremamente rápida em campo”, diz Juan Doblas, assessor do ISA responsável pelo mapa. Ele afirma que várias regiões sofrem uma “epidemia de desmatamento”: a impunidade dos desmatadores ilegais termina por estimular mais desmatamento. “As medidas de combate ao desmatamento e restrição das atividades econômicas nos municípios da lista do MMA não estão funcionando. Elas precisam ser reforçadas”, defende.
Doblas chama a atenção principalmente para São Félix do Xingu e cobra operações mais efetivas de repressão aos desmatadores da parte dos governos federal e estadual na região, em especial com apoio de ações de inteligência.
O pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon) Paulo Barreto acredita que o aumento do preço do gado também “fortalece a ameaça [à floresta], porque as pessoas ficam mais interessadas em desmatar”, aponta. “Essa ameaça pode aumentar e não ter efeitos se a floresta não está vulnerável, se o governo está vigilante, se não muda as regras. Mas quando a ameaça aumenta e o governo enfraquece a proteção, essa combinação leva a essa situação de aumento”, conclui.


Campeões do desmatamento
Pará, Mato Grosso e Rondônia continuam, nessa ordem, como os campeões da destruição da floresta: entre 2015 e 2016, eles registraram, respectivamente, 3 mil quilômetros quadrados (38% do total), 1,5 mil quilômetros quadrados (19%) e 1,3 mil quilômetros quadrados (18%) de desmatamento. O Amazonas, no entanto, apresentou a maior alta proporcional: entre 2014-2015 e 2015-2016, o desmatamento saltou de 712 quilômetros quadrados para 1099 quilômetros quadrados, um acréscimo de 54%.
André Tomasi, assessor do Instituto de Educação do Brasil (IEB), destaca que o sul do Amazonas tornou-se uma das frentes de desmatamento mais dinâmicas em função do esgotamento de parte dos remanescentes florestais em Rondônia, Acre e norte do Mato Grosso.
“É uma área tradicionalmente de baixa governança do Estado, que possui pouca capilaridade e atuação no campo”, ressalta. Ele lembra que muitos pecuaristas da região estão escoando gado por Rondônia, deixando de recolher impostos no Amazonas e evadindo divisas.

Por: Oswaldo Braga de Souza
Fonte: ISA

Questões:

(UNESP) Leia o texto abaixo e responda a questão a seguir.
“Mais de 12% da área original dessa vegetação já foram destruídos devido a políticas governamentais inadequadas, modelos inapropriados de ocupação do solo e à pressão econômica, que levou à ocupação desorganizada e ao uso não sustentável dos recursos naturais. (...) As queimadas e o desmatamento tornaram-se constantes. Até o ano de 2000 mais de 415 mil Km2 tinham sido desmatados. O total da área queimada foi 2,5 vezes maior. Em algumas localidades, como Porto Velho (RO), os aeroportos chegaram a ser fechados algumas vezes por causa da fumaça das queimadas.”

Com base nas informações apresentadas, pode-se dizer que a devastação que ocorre no domínio vegetal, cujas características de ocupação são destacadas no texto, deve-se sobretudo a (o):
a – Intensa exploração madeireira que se implantou em seus domínios, atraída por incentivos fiscais que foram ofertados às empresas que se instalassem no Meio Norte.
b – Ocorrência de queimadas naturais durante o longo período de seca que ocorre nesse domínio do Centro-Oeste.
c – Modelo inapropriado de ocupação econômica que foi implantado, nas últimas décadas, na Amazônia.
d – Excessiva ocupação de espécies xerófilas em seus domínios, que são utilizadas, em larga escala, como matéria prima na indústria farmacêutica.
e – Ausência nessa paisagem vegetal de espécies hidrófilas, o que favorece a ocorrência de queimadas em seus domínios.

(Uemg 2010)  AMAZÔNIA – COMO SALVAR A FLORESTA?

 São inúmeros os dados que indicam a devastação dos 64 milhões de hectares da Amazônia. Só em setembro/2008, 587 Km² da floresta sofreram corte ou degradação progressiva. Boa parte da culpa cai sobre os pecuaristas. De um rebanho de 70 milhões de cabeças de gado em território brasileiro, 36% estão na Amazônia, o que faz com que 78% das áreas abertas da floresta sejam usadas para pastagem.
 Trecho Adaptado – Revista Galileu /Vestibular 2009.

 Considerando seus conhecimentos sobre o tema abordado no trecho acima, assinale, a seguir, a alternativa em que NÃO se apontou uma solução para os problemas da Amazônia:
a) Multiplicação das práticas da agricultura itinerante e da pecuária extensiva nas matas.  
b) Regularização fundiária e aumento dos estímulos fiscais para atividades sustentáveis.  
c) Efetivação do manejo da floresta, que corresponde a uma prática de conservação das matas.  
d) Expansão dos programas governamentais de combate às queimadas.  

(Ufrgs 2010)  Considere as seguintes afirmações sobre o processo de exploração econômica da Amazônia e a questão ambiental.
I – A derrubada da floresta contribui para o aumento da precipitação na região amazônica.
II – A derrubada da floresta contribui para o avanço e a consolidação da caantiga.
III – A exploração econômica atual compromete a sustentabilidade da Floresta Amazônica.
Quais estão corretas?                                                       
a) Apenas I.  
b) Apenas II.  
c) Apenas III.  
d) Apenas II e III.  
e) I, II e III.  

(Ufrgs 2010)  Considere as seguintes afirmações sobre a Amazônia Legal.
I – Ela foi estabelecida na década de 1960 para permitir que fossem aplicadas políticas públicas para o desenvolvimento da região.
II – O principal objetivo de sua criação foi a preservação da Floresta Amazônica.
III – Ela compreende os estados da Região Norte e os da Região Centro-Oeste.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.  
b) Apenas II.  
c) Apenas III.  
d) Apenas II e III.  
e) I, II e III.

sábado, 26 de novembro de 2016

A divisão dos Três Poderes no Brasil


Você sabia que a divisão de poderes classicamente adotada no Brasil foi criada por Montesquieu? A separação dos três poderes em executivo, legislativo e judiciário é uma teoria proposta por esse pensador iluminista em sua obra “O espírito das leis”, em que ele descreve e cria fundamentos sobre como seria uma organização política liberal. A premissa para esse modelo é a de que, para que não sejam criados governos absolutistas com características ditatoriais, cada um dos três poderes tem autonomia para exercer o seu papel e liberdade para fiscalizar os outros poderes.Agora que você já sabe a origem dos três poderes, vamos entender melhor a função de cada um deles.


Poder executivo: O poder executivo é responsável por administrar o país, realizar políticas públicas que sejam de interesse da população e aplicar as leis.
O poder executivo pode ser dividido em 3 esferas, que são: federal, estadual e municipal. A federal é representada pelo Presidente da República, a estadual pelo Governador e a municipal pelo Prefeito. O acesso à essas posições é dado pela eleição direta da população, por vivermos em um país democrático.Um ponto importante no caso do executivo é que, cada representante tem autonomia suficiente para nomear ministros e secretários para auxiliar o seu governo. Desta forma, esses cargos são de confiança e não eleitos pela população e cumprem a função de elaborar e executar políticas públicas na sua área de atuação.

Poder legislativo: O legislativo tem como função ordenar e criar leis para o país, além de julgar e fiscalizar as políticas do Poder Executivo. O legislativo também pode ser dividido pelas 3 esferas (federal, estadual e municipal). Na esfera federal, o poder legislativo é composto pela Câmara dos Deputado, que tem como obrigação criar leis, e o Senado Federal, que também pode criar leis, mas tem como objetivo principal revisar e analizar todas as propostas de leis trazidas pela Câmara. Quando pensamos no âmbito estadual, o legislativo vem representado pelos deputados estaduais e no municipal pelos  vereadores, ambos têm como objetivo a criação de leis estaduais e municipais, respectivamente, assim como a fiscalização do executivo.

Poder judiciário: O judiciário é o responsável por julgar através das leis criadas pelo legislativo e pela constituição do país. Os órgãos que compõem o poder judiciário são:
  • Supremo Tribunal Federal (STF): é o órgão máximo do Judiciário, composto por 11 ministros indicados pelo Presidente da República, que também devem ter aprovação do Senado. Esses são os únicos ministros que fazem parte do judiciário e do executivo, por não ser um cargo concursado e sim de confiança. O Supremo deve zelar pelo cumprimento da Constituição e dar a “voz final” em conflitos que envolvam normas constitucionais.
  • Superior Tribunal de Justiça (STJ):  está abaixo do STF e julga causas criminais que envolvam pessoas que estão em cargos com o “foro privilegiado”, são eles desembargadores, governadores estaduais, Juízes de Tribunais Regionais Federais, Eleitorais e Trabalhistas, Ministros e outras autoridades.
  • Justiças Estaduais: cada estado é tem o seu Tribunal de Justiça (TJ) e os Juízes Estaduais. Os integrantes do TJ são os chamados desembargadores (juízes de segunda instância) e podem contestar e avaliar a decisão de juízes estaduais (primeira instância)

Capitalismo e Economia de Mercado

Contexto Histórico

O declínio do feudalismo na Baixa Idade Média deu lugar a um novo sistema socioeconômico que vai se delinear e se transformar ao longo dos séculos seguintes, ao mesmo tempo em que passa a agir como elemento de construção e modificação do espaço mundial: o capitalismo.
A palavra capitalismo é usada para descrever o sistema social no qual vivemos hoje e é baseado no mercado livre, economia de mercado e sistema de classes. Mas o que exatamente “capitalismo” significa?

O Capitalismo

O capitalismo é o sistema social existente em diversos países. No capitalismo a maioria das pessoas vende sua capacidade de trabalho em troca de um salário. No capitalismo, o motivo para a produção de bens e serviços é vendê-los com lucro. Os produtos da produção capitalista tem que encontrar um comprador. É amplamente aceito que o capitalismo significa uma economia de mercado livre.
O surgimento do capitalismo é muitas vezes erroneamente associado a uma ética puritana do trabalho. Sociólogo alemão Max Weber, em 1903, afirmou que o catalisador do capitalismo ocorreu no século XVII, na Inglaterra. Membros de uma seita religiosa, os puritanos, sob a influência de João Calvino, canalizaram suas energias para o trabalho duro, reinvestimento, vida simples, e transportaram essas atitudes para a Nova Inglaterra.
No entanto, as mesmas atitudes em relação ao trabalho e investimentos foram praticadas por judeus e japoneses, onde não houve nenhuma influência calvinista. Além disso, na Escócia, no século XVII foi simultaneamente ortodoxo calvinista e com a economia estagnada.

Fases do Capitalismo


Primeira Fase: capitalismo comercial ou mercantil

Essa fase inicial do capitalismo desenvolve-se concomitante à formação dos Estados Nacionais, às grandes navegações e ao mercantilismo. As relações comerciais definem a acumulação de capital por parte da burguesia e das nações. O exclusivismo comercial entre metrópole e colônia permite, através da exploração dessas, a acumulação de metais preciosos e riquezas na primeira. A classe de comerciantes que constitui a burguesia nascente também realiza sua acumulação de capital através da intermediação entre a produção dos artesãos e manufaturas e o mercado consumidor em expansão.

Segunda Fase: capitalismo industrial ou concorrencial

Mais adiante, com o advento da Revolução Industrial, a burguesia assume a produção em uma escala muito maior do que o período anterior, empregando com maior eficiência e exploração os recursos naturais (matéria-prima, energia), técnicos (com a invenção de máquinas) e humanos (contratando mão-de-obra assalariada). A efetiva separação entre os meios de produção, agora sob o controle da burguesia, e a força de trabalho leva ao surgimento do proletariado.
A partir do século XIX o mundo assiste a um novo movimento colonial caracterizado, entre outras coisas, pela avidez das potências industriais europeias em dominar novos territórios, em assegurar o controle de matérias-primas e energia e em dominar novos mercados. Constitui-se a indústria moderna, inicialmente com intensa concorrência entre vários produtores em um mesmo segmento do mercado.
A realidade criada nesse contexto insufla os nacionalismos e políticas imperialistas que acabarão por produzir duas guerras mundiais no século XX. No período entre essas guerras, mais precisamente em 1929, a crise da Bolsa de Nova Iorque, que repercute por quase todo o mundo, mostra a necessidade da intervenção do Estado na economia, como um regulador, fiscalizador e participante (com o aparecimento das empresas estatais).
O Estado passa a atuar na formulação das políticas econômicas através do controle dos juros, das exportações e importações, empréstimos, investimentos, preços, entre outros. O objetivo é evitar crises como a de 1929 gerenciando setores da produção, as atividades da iniciativa privada e também assumindo importante papel na montagem da infraestrutura que seria utilizada pelos setores produtivos.

Terceira Fase: capitalismo financeiro ou monopolista

Pouco a pouco, a redução dos níveis de concorrência em vários setores produz o aparecimento de monopólios e oligopólios, o capital financeiro se fortalece e passa a influenciar e comandar as relações de produção e consumo. Assim, após a 2ª Guerra Mundial define-se essa terceira fase do capitalismo.
A preocupação em muitos países passa a ser a convivência entre a necessidade de elevar o padrão socioeconômico de suas miseráveis populações e o pagamento de suas crescentes dívidas externas. Instituições como os bancos privados do primeiro mundo, FMI, Banco Mundial (BIRD), tornam-se muito poderosas e aumenta sua ingerência na condução das políticas econômicas dos países devedores.

Exercícios sobre o Capitalismo

  1. Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação incorreta:a) A burguesia é uma classe social que possui a propriedade dos meios de produção.
    b) O sistema socialista ou de economia planificada é adotado atualmente por um número cada vez maior de países.
    c) Na fase do capitalismo financeiro ocorrem crises que levam o Estado a intervir na economia.
    d) O proletariado vende sua força de trabalho para a burguesia em troca de um salário.
    e) UE, NAFTA e APEC são blocos econômicos que caracterizam a Nova Ordem Mundial.

  2. (VUNESP) – No fim da década de 80 e início dos anos 90 a bipolaridade mundial declinou; da polaridade ideológica e militar leste/oeste passou-se para a econômica e política norte/sul. Isto significa dizer que atualmente há oposição entre:a) o oeste rico e industrializado e o leste pobre e agrário;
    b) o oeste pobre e agrário e o sul rico e muito industrializado;
    c) o leste pobre e agrário e o norte rico e industrializado;
    d) o sul rico e industrializado e o norte pobre e agrário;
    e) o norte rico e industrializado e o sul pobre e em processo de industrialização.

  3. “Alguma coisa está fora da ordem Fora da nova ordem mundial.”
    Caetano VelosoComo sugere o poeta, os acontecimentos que marcaram a “nova ordem” econômica e política Mundial, apresentam também os seus reversos, ameaçando essa mesma “ordem”. Está entre as “coisas fora da ordem” que contradizem o novo ordenamento mundial, pretendido pelas grandes potências: a) o término da Guerra Fria e a unificação das duas Alemanhas.
    b) a formação dos megablocos econômicos e as pressões norte americanas sobre a OMC.
    c) a unificação da Europa e a crise do Estado do Bem-Estar Social nos países 
capitalistas.
    d) a guerra civil na antiga Iugoslávia e o crescimento de movimentos étnico- 
nacionais.
    e) o reforço dos elos comerciais entre os três centros econômicos: EUA, CEE e 
Japão.

  4. (UNIFICADO-RIO) – No pós-guerra, difundiu-se o uso de uma classificação em que os diversos países foram divididos formando o Primeiro, o Segundo e o Terceiro Mundos. Essa classificação, no entanto, apresenta, sobretudo neste final de século, inúmeros inconvenientes, em virtude da:a) insistência em fundamentar os critérios de classificação a partir de fatores raciais e da natureza.
    b) incapacidade de criar agrupamentos para países que tenham características híbridas.
    c) desconsideração de elementos políticos e econômicos como base para a divisão das várias nações.
    d) observação de espaços subdesenvolvidos no interior do Primeiro Mundo, rebaixando alguns países para o Segundo Mundo.
    e) manutenção das nações socialistas no grupo do Terceiro Mundo, quando deveriam estar no do Primeiro Mundo.

  5. (UNICAMP) – Explique o significado do termo “Terceiro Mundo”, relacionando-o com as características dos países que assim são denominados.

  6. Leia com atenção as afirmativas abaixo:I- a classe do proletariado se define durante a fase do capitalismo industrial com a separação entre força de trabalho e meios de produção.
    II- o aumento da oferta de mercadorias e serviços em relação à procura provoca o aumento de seus preços.
    III- a expansão do socialismo durante o século XX ocorreu, em alguns países como Cuba e China, através de processos revolucionários.Estão corretas as afirmativas:a) todas as afirmativas
    b) I e III
    c) II e III
    d) I e II
    c) Apenas I

  7. Compare a Guerra Fria com a Nova Ordem Mundial quanto à disputa que se verifica entre os líderes mundiais:

RESPOSTAS

  1. B
  2. E
  3. D
  4. B
  5. O Terceiro Mundo reúne os países capitalistas subdesenvolvidos caracterizados pela dependência tecnológica e financeira, grandes desigualdades sociais internas, maioria de população rural (ou problemas com um êxodo rural intenso, já apresentando maioria de população urbana), predomínio do setor primário na economia, níveis elevados de analfabetismo e mortalidade infantil, reduzida expectativa de vida, rápido crescimento populacional (elevada taxa de natalidade). São pouco industrializados e seu IDH é baixo.
  6. B
  7. Durante a Guerra Fria as superpotências enfrentaram-se em uma disputa geopolítica, ideológica, buscando ampliar suas alianças no mundo e expandir o controle sobre locais estratégicos. Procuraram consolidar e ampliar o domínio de seus respectivos sistemas (como o capitalismo e o socialismo). Na Nova Ordem Mundial há uma disputa pelo controle de mercados consumidores entre as potências econômicas. A disputa é comercial e envolve a adoção de práticas protecionistas como tarifas alfandegárias e barreiras sanitárias. Os blocos comerciais lutam para proteger seus mercados e disputam a hegemonia mundial.

    quinta-feira, 13 de outubro de 2016

    Moeda virtual - Bitcoin



    Pontos-chave
    1. No século 21, novas tecnologias prometem acabar com o dinheiro físico. A tendência é que, nos próximos anos, a sociedade caminhe para um mundo em que não haverá circulação de dinheiro físico e que sejam usadas cada vez mais transações eletrônicas e moedas virtuais.
       
    2. O Bitcoin é uma moeda virtual que ganha cada vez mais popularidade. Em vez de existir uma instituição financeira responsável pelas transações, todas as trocas monetárias ficam no livro de registro virtual Blockchain.
       
    3. Por representar riscos ao controle de fluxos financeiros, países estão tentando criar barreiras para a circulação desse tipo de moeda.

    O dinheiro é um símbolo e meio de troca. E também resultado de uma longa evolução. Ao longo da história, a humanidade já usou todo tipo de objetos como moeda: búzios na Arábia, sementes nas Ilhas Salomão, conchas na Suméria.

    Na Roma Antiga, o pagamento dos soldados era feito com uma porção de sal. Daí surge a palavra “salário”. No Ocidente, antes de aparecer a cédula impressa, as moedas usadas eram geralmente o ouro, a prata e o cobre.
    No início do século 20, os governos nacionalizaram a própria moeda, e o Banco Central de cada país tomaria o papel de criar, implantar e assegurar o suprimento e o destino do dinheiro. Depois que as cédulas são impressas, o dinheiro é repassado pelo governo aos bancos, que o distribui para pessoas e empresas.
    Com o surgimento da computação foram inventadas as moedas virtuais, uma forma de dinheiro que não existe fisicamente, ou seja, não é impressa em papel. Cartões de crédito e meios de pagamento online como PayPal e aplicativos para celular são considerados dinheiro virtual, mas que utilizam moedas tradicionais para realizar as transações de pagamento (como o real, euro, libra ou dólar).
    No século 21, novas tecnologias e modelos prometem acabar com o dinheiro da forma como você conhece. A tendência é que, nos próximos anos, a sociedade caminhe para um mundo em que não haverá circulação de dinheiro físico.
    Em 2015 o dinheiro vivo foi o principal meio de pagamento no mundo. Países da Europa já começam a se preparar para uma nova fase, com menos dinheiro em espécie. Na Suécia, já existem lojas que não aceitam dinheiro.
    Este ano, por exemplo, apenas um quinto de todos os pagamentos de consumidores na Suécia foi feito em dinheiro. Já a Dinamarca anunciou que quer se tornar o primeiro país do mundo a eliminar oficialmente a circulação de dinheiro físico.
    Os dois países argumentam que é mais fácil fiscalizar o dinheiro eletrônico e assim evitar problemas como a lavagem de dinheiro, a sonegação de impostos gerados pela economia informal e o caixa dois de empresas.


    A escalada do Bitcoin

    A mudança mais significativa na tecnologia financeira é atribuída às moedas virtuais criptografadas. O maior destaque é o Bitcoin, que pode ser usado para comprar produtos e serviços na internet e em estabelecimentos físicos conectados à rede.
    Atualmente é possível comprar quase tudo com bitcoins: eletroeletrônicos, roupas, livros, alimentos. Nos Estados Unidos, até apartamentos e casas já foram vendidos dessa forma.  Em Berlim, na Alemanha, existe um bairro conhecido como bitcoinkiez ("bairro do bitcoin", em alemão), em que todo o comércio local (restaurantes, bares e lojas) está disposto a receber na moeda virtual.
    O Bitcoin surgiu em 2008 e sua criação é atribuída a um programador conhecido sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto. A moeda entrou para a história e revolucionou o setor por ser o primeiro sistema de pagamentos global totalmente descentralizado.
    Imagine fazer transferências na internet com a mesma facilidade com que se envia um e-mail. O modelo Bitcoin permite realizar transações financeiras de forma direta, sem a necessidade de um intermediário. Um sistema que pode acabar de vez com o banco físico.
    Para o usuário, a maior vantagem da descentralização seria a compra e venda com taxas mais baratas do que a de um banco tradicional ou uma empresa de cartão de crédito. Existem ainda usuários que não querem depender das políticas monetárias do governo ou de bancos, e aqueles que buscam fazer uma reserva de valor, sem ficar expostos a riscos como o confisco do dinheiro pelo Estado durante crises financeiras.
    O sistema de bitcoins não é controlado por nenhum Banco Central ou instituição bancária, mas por criptografia. É por isso que essa invenção também pode ser chamada de “criptomoeda”. Desde então, outras moedas similares surgiram no mercado.
    O controle descentralizado está relacionado ao uso do Blockchain, uma tecnologia de banco de dados que é semelhante a um livro de registros virtual. Não existe um “dono” do sistema, que é aberto a qualquer um.
    A Blockchain grava todas as transações realizadas com Bitcoins e garante que uma unidade da moeda não seja utilizada duas vezes. Isso faz com que a moeda virtual não seja falsificada. Cada moeda digital está numerada e todas as transações são públicas e podem ser visualizadas pela comunidade. Na prática, a Blockchain funciona como um livro público, que regula o envio e o recebimento da moeda.
    Quem quiser usar o Bitcoin precisa se cadastrar em algum dos sites que trocam dinheiro real por bitcoins, como se fossem uma agência de câmbio. Depois, basta criar uma conta com um código pessoal criptografado e comprar o Bitcoin. O dinheiro fica guardado no computador de cada um, como se fosse um arquivo ou um software.
    O modelo é similar ao das redes P2P, usadas para compartilhamento de arquivos na internet. Por isso, controlar a moeda virtual, como fazem os bancos centrais com a moeda real, é muito difícil.
    No início, o Bitcoin valia apenas alguns poucos centavos e seu uso estava restrito a um grupo de entusiastas da tecnologia. Mas logo sua popularidade cresceu e a moeda foi se valorizando, atraindo também grandes investidores. Hoje, o Bitcoin tem um grande valor de mercado. Para se ter uma ideia, até a data de fechamento deste texto, o valor de compra de 1 Bitcoin equivale a quase R$ 2 mil.
    Quem “fabrica” esse dinheiro? Quem coloca o Bitcoin no mercado são usuários chamados de “mineradores”, que cedem voluntariamente a capacidade de seus computadores via internet para verificar as transações no Blockchain e manter o sistema e funcionando. Em troca, são premiados com bitcoins.
    Mas como manter o valor da moeda estável? É preciso que uma moeda seja escassa para que tenha valor e não gere inflação. O Bitcoin foi projetado de modo a ser finito. Isso porque é baseado em fórmulas matemáticas, diferente da moeda tradicional, que é lastreada em ouro e prata. Uma pessoa não pode gerar a moeda infinitamente. Tanto que o sistema do Bitcoin prevê que o máximo de moeda circulando será de 21 milhões de unidades, o que deve acontecer por volta de 2140.


    Críticas e riscos ao modelo do Bitcoin

    O Bitcoin é baseado em um software de código aberto que permite o anonimato dessas pessoas. Em alguns aplicativos de "carteira virtual" é preciso ter uma conta de e-mail para fazer o registro, já outros (a maioria) não é necessário nenhum tipo de identificação.
    Devido a essa dificuldade de rastrear os usuários e oferecer anonimato, a moeda virtual pode estimular o comércio de produtos ilegais. Tanto que o Bitcoin tornou-se a principal moeda dos sites de comércio ilícito na internet profunda (a deep web), com a venda de drogas e armas e atividades de lavagem de dinheiro. Mas a polícia pode identificar o usuário se encontrar o IP dela ou se ela fez qualquer transação de bitcoins em casas de câmbio.
    Em 2013, por exemplo, o FBI prendeu o criador do Silk Road, site que funcionava como um grande portal de venda de drogas na internet. As transações eram todas feitas em bitcoins. O site foi fechado e mais de 150 mil bitcoins foram apreendidos pela polícia - o equivalente a 100 milhões de dólares na cotação de março de 2013.4

    Existe ainda o risco de uma conta ser hackeada. Em 2014, a Mt. Gox, considerada na época como a principal “bolsa de valores” do Bitcoin, entrou em colapso e perdeu 500 milhões de dólares. O motivo? Um ataque hacker ao seu sistema. Em 2016, A Bitfinex, empresa de Hong Kong especialista em gestão de moedas virtuais, reconheceu que uma falha de segurança em suas plataformas permitiu o roubo de 119.756 bitcoins, avaliados em 65,8 milhões de dólares.
    O fato de não estar atrelada a governos e bancos faz com que o Bitcoin esteja fora do controle de fiscalização e flutuações cambiais. Por esses motivos, representantes dos bancos centrais afirmaram que a adoção de criptomoedas é um grande desafio para a habilidade dos bancos em influenciar o preço do crédito (juros) para a economia. Ou seja, a adoção em massa dessas moedas poderia enfraquecer o papel do Banco Central como regulador do mercado.
    Por representar riscos ao controle de fluxos financeiros, países como a China, Rússia e a Índia estão tentando criar barreiras para a circulação desse tipo de moeda. E como são um fenômeno recente, as moedas virtuais possuem poucas leis que as regulamentam. A legislação mundial sobre o assunto ainda está em construção e deve se consolidar nos próximos anos.
    Recentemente, uma juíza federal dos Estados Unidos decidiu que o Bitcoin se qualifica como dinheiro, em ação penal que versava prática de atividade financeira por pessoa não autorizada. No Japão, o governo estabeleceu que os lucros e processos de compra relacionados ao Bitcoin devem estar sujeitos à cobrança de impostos e monitoramento do Estado.

    BIBLIOGRAFIA

    Bitcoin - a Moeda na Era Digital, por Fernando Ulrich. Editora Mises Brasil.
    Por Carolina Cunha, da Novelo Comunicação

    sábado, 17 de setembro de 2016

    Uso de agrotóxicos no Brasil


    Imagine tomar um galão de cinco litros de veneno a cada ano. É o que os brasileiros consomem de agrotóxico anualmente, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). "Os dados sobre o consumo dessas substâncias no Brasil são alarmantes", disse Karen Friedrich, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

    Desde 2008, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de agrotóxicos. Enquanto nos últimos dez anos o mercado mundial desse setor cresceu 93%, no Brasil, esse crescimento foi de 190%, de acordo com dados divulgados pela Anvisa. Segundo o Dossiê Abrasco - um alerta sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde, publicado nesta terça-feira no Rio de Janeiro, 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos. Desses, segundo a Anvisa, 28% contêm substâncias não autorizadas. "Isso sem contar os alimentos processados, que são feitos a partir de grãos geneticamente modificados e cheios dessas substâncias químicas", diz Friederich. De acordo com ela, mais da metade dos agrotóxicos usados no Brasil hoje são banidos em países da União Europeia e nos Estados Unidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre os países em desenvolvimento, os agrotóxicos causam, anualmente, 70.000 intoxicações agudas e crônicas.



    O uso dessas substâncias está altamente associado à incidência de doenças como o câncer e outras genéticas. Por causa da gravidade do problema, na semana passada, o Ministério Público Federal enviou um documento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendando que seja concluída com urgência a reavaliação toxicológica de uma substância chamada glifosato e que a agência determine o banimento desse herbicida no mercado nacional. Essa mesma substância acaba de ser associada ao surgimento de câncer, segundo um estudo publicado em março deste ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS) juntamente com o Inca e a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC). Ao mesmo tempo, o glifosato foi o ingrediente mais vendido em 2013 segundo os dados mais recentes do Ibama.

    Em resposta ao pedido do Ministério Público, a Anvisa diz que em 2008 já havia determinado a reavaliação do uso do glifosato e outras substâncias, impulsionada pelas pesquisas que as associam à incidência de doenças na população. Em nota, a Agência diz que naquele ano firmou um contrato com a Fiocruz para elaborar as notas técnicas para cada um dos ingredientes - 14, no total. A partir dessas notas, foi estabelecida uma ordem de análise dos ingredientes "de acordo com os indícios de toxicidade apontados pela Fiocruz e conforme a capacidade técnica da Agência".

    Enquanto isso, essas substâncias são vendidas e usadas livremente no Brasil. O 24D, por exemplo, é um dos ingredientes do chamado 'agente laranja', que foi pulverizado pelos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã, e que deixou sequelas em uma geração de crianças que, ainda hoje, nascem deformadas, sem braços e pernas. Essa substância tem seu uso permitido no Brasil e está sendo reavaliada pela Anvisa desde 2006. Ou seja, faz quase dez anos que ela está em análise inconclusa.


    O que a Justiça pede é que os ingredientes que estejam sendo revistos tenham o seu uso e comércio suspensos até que os estudos sejam concluídos. Mas, embora comprovadamente perigosos, existe uma barreira forte que protege a suspensão do uso dessas substâncias no Brasil. "O apelo econômico no Brasil é muito grande", diz Friedrich. "Há uma pressão muito forte da bancada ruralista e da indústria do agrotóxico também". Fontes no Ministério Público disseram ao EL PAÍS que, ainda que a Justiça determine a suspensão desses ingredientes, eles só saem de circulação depois que os fabricantes esgotam os estoques.

    O consumo de alimentos orgânicos, que não levam nenhum tipo de agrotóxico em seu cultivo, é uma alternativa para se proteger dos agrotóxicos. Porém, ela ainda é pouco acessível à maioria da população. Em média 30% mais caros, esses alimentos não estão disponíveis em todos os lugares. O produtor Rodrigo Valdetaro Bittencourt explica que o maior obstáculo para o cultivo desses alimentos livres de agrotóxicos é encontrar mão de obra. "Não é preciso nenhum maquinário ou acessórios caros, mas é preciso ter gente para mexer na terra", diz. Ele cultiva verduras e legumes em seu sítio em Juquitiba, na Grande São Paulo, com o irmão e a mãe. Segundo ele, vale a pena gastar um pouco mais para comprar esses alimentos, principalmente pelos ganhos em saúde. "O que você gasta a mais com os orgânicos, você vai economizar na farmácia em remédios", diz. Para ele, porém, a popularização desses alimentos e a acessibilidade ainda levarão uns 20 anos de briga para se equiparar aos produtos produzidos hoje com agrotóxico. 

    Bittencourt vende seus alimentos ao lado de outras três barracas no Largo da Batata, zona oeste da cidade, às quartas-feiras. Para participar desse tipo de feira, é preciso se inscrever junto à Prefeitura e apresentar todas as documentações necessárias que comprovem a origem do produto. Segundo Bittencourt, há uma fiscalização, que esporadicamente aparece nas feiras para se certificar que os produtos de fato são orgânicos.


    No mês passado, o prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) sancionou uma lei que obriga o uso de produtos orgânicos ou de base agroecológica nas merendas das escolas municipais. A nova norma, porém, não tem prazo para ser implementada e nem determina o percentual que esses alimentos devem obedecer.

    Segundo um levantamento da Anvisa, o pimentão é a hortaliça mais contaminada por agrotóxicos (segundo a Agência, 92% pimentões estudados estavam contaminados), seguido do morango (63%), pepino (57%), alface (54%), cenoura (49%), abacaxi (32%), beterraba (32%) e mamão (30%). Há diversos estudos que apontam que alguma substâncias estão presentes, inclusive, no leite materno.


    No ano passado, a pesquisadora norte-americana Stephanie Seneff, do MIT, apresentou um estudo anunciando mais um dado alarmante: "Até 2025, uma a cada duas crianças nascerá autista", disse ela, que fez uma correlação entre o Roundup, o herbicida da Monsanto feito a base do glifosato, e o estímulo do surgimento de casos de autismo. O glifosato, além de ser usado como herbicida no Brasil, também é uma das substâncias oficialmente usadas pelo governo norte-americano no Plano Colômbia, que há 15 anos destina-se a combater as plantações de coca e maconha na Colômbia.

    Em nota, a Anvisa afirmou que aguarda a publicação oficial do estudo realizado pela OMS, Inca e IARC para "determinar a ordem prioritária de análise dos agrotóxicos que demandarem a reavaliação".

    Os alimentos mais contaminados pelos agrotóxicos

    Em 2010, o mercado brasileiro de agrotóxicos movimentou 7,3 bilhões de dólares e representou 19% do mercado global. Soja, milho, algodão e cana-de-açúcar representam 80% do total de vendas nesse setor.
    Segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), essa é a lista da agricultura que mais consome agrotóxicos:
    Soja (40%)
    Milho (15%)
    Cana-de-açúcar e algodão (10% cada)
    Cítricos (7%)
    Café, trigo e arroz (3 cada%)
    Feijão (2%)
    Batata (1%)
    Tomate (1%)
    Maçã (0,5%)
    Banana (0,2%)
    As demais culturas consumiram 3,3% do total de 852,8 milhões de litros de agrotóxicos pulverizados nas lavouras brasileiras em 2011.


    domingo, 11 de setembro de 2016

    Desertos Africanos: Saara, Kalahari e Namib



    Por: Hermann Cavalcante Wherner 

    “A África divide-se em quatro partes… Em árabe, a terceira parte chama-se simplesmente Sahra, que significa deserto” (Leo Africanus, 1550)
    O Grande Saara se distribui sobre cerca de 10 milhões de quilômetros quadrados – área maior que o Brasil. Estendendo-se desde o litoral atlântico da África até o Mar Vermelho, a leste, por 4.800 quilômetros numa faixa de 1.600 quilômetros de largura.
    A maior parte do Saara tem menos de 125 milímetros de chuva por ano, em decorrência principalmente de sua localização nas latitudes subtropicais de alta pressão, entre 15 e 35 graus ao norte do equador, onde os ventos típicos e a enorme distância dos oceanos deixam a atmosfera quase sem umidade.
    A temperatura diurna do verão Saarico atinge e as vezes supera os 50 ºC. Porém, na superfície da areia e das rochas fica ainda mais quente, e já se registraram temperaturas de mais de 80 ºC na areia.
    Durante o inverno, nas montanhas ao norte do deserto são comuns geadas, entretanto o ressecamento causado pela combinação de calor e vento constante contribuem para evaporar grande parte da água que efetivamente caiu no deserto.
    O Saara nem sempre foi a desolação ressecada que é hoje, e sabe-se que durante os últimos 2 milhões de anos, ele já variou algumas vezes entre uma aridez maior e um relativo verdor.
    Um gigante desértico onde rios, dunas, lagos, regs, oásis, diversos animais e vegetação diversificada são parte das diferentes faces da transformadora história climática e ecológica desta região.
    “No deserto nem os chacais sobrevivem; existem apenas o addax e o feneco, que Deus criou para lembrar-nos da moléstia de nossas capacidades.” (Sidat Ag Sheik, chefe tuaregue)
    O deserto de Kalahari possui uma área de 600.000 quilômetros quadrados, ocupando parte da Botswana, África do Sul e Namíbia, assumindo o posto de segundo maior deserto africano.
    Ele não é tão estéril quando o Saara e algumas de suas regiões recebem mais de 250 milímetros de chuva mal distribuída anualmente. Estas chuvas predominantemente estivais produzem no solo uma cobertura gramínea esparsa, pontilhada por árvores mais o norte e com arbustos nas regiões mais áridas ao sul.
    As temperaturas no verão do Kalahari variam entre 20 a 40 °C, mas algumas de suas regiões podem alcançar 50 °C. E no inverno, seu clima seco e frio é propicio a geada durante noite, e em alguns pontos as temperaturas podem ficar abaixo de 0 °C.
    Estendendo-se numa estreita faixa de terra com cerca de 90 quilômetros de largura na costa sudoeste da África, ao longo do litoral atlântico da Namíbia ao sul de Angola, esta o deserto de Namib.
    Considerado como o mais antigo deserto do mundo, tendo permanecido em condições áridas ou semiáridas há pelo menos 55 milhões de anos. Por ele flui uma corrente de ar proveniente de águas antárticas que fluem em direção ao norte, resfriando os ventos e tornando este ressequido deserto num ambiente frio e nevoento durante uma média de 200 dias por ano.
    Apesar de sua atmosfera úmida e fria, menos de um centímetro de chuva cai anualmente sobre este deserto, tornando-o um bioma extremamente seco no qual praticamente não se sustenta nenhuma vegetação perene. E esta ausência quase total de proteção vegetal força sua fauna a adaptar-se à vida quase que exclusivamente sobre a areia, uma vez que não há raízes que ajudem na fixação do solo.


    quarta-feira, 7 de setembro de 2016

    Saída do Reino Unido da União Européia


    Os britânicos decidiram em referendo, por mais de 1,2 milhão de votos de diferença, deixar a União Europeia (UE). O resultado da consulta, divulgado na madrugada desta sexta-feira (24), empurra para uma profunda crise o bloco econômico e político criado após a Segunda Guerra Mundial.

    De imediato, o mercado reagiu: a libra esterlina, moeda do Reino Unido, despencou e atingiu o menor valor frente ao dólar em 31 anos. As bolsas da Ásia fecharam em forte queda. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que defendia a permanência no bloco, anunciou que deixará o cargo em outubro.


    Quais são os próximos passos?
    O processo para encerrar 40 anos de união não é automático e se anuncia um divórcio difícil, porque tem de ser negociado com os outros 27 membros do bloco. É a primeira vez que isso acontece.

    Segundo a "Deutsche Welle", a Câmara Baixa do Parlamento britânico, onde a maioria é contra a Brexit, deve pedir ao premiê para apresentar a Bruxelas a carta anunciando a saída do bloco.

    A direita britânica, porém, não demostra pressa em agilizar esse processo. Embora os presidentes Comissão Europeia, do Conselho Europeu e Parlamento Europeu tenham pedido para que o Reino Unido inicie o processo de saída "o mais rápido possível".

    Durante a campanha, o premiê David Cameron, que deve deixar o cargo em outubro, explicou que o Reino Unido deve ativar a Cláusula 50 do Tratado de Lisboa, que desde 2009 funciona como uma espécie de Constituição Europeia, explicou a BBC. Uma vez que esse artigo é acionado não dá para voltar atrás.


     Como será a batalha no parlamento britânico?
    Segundo a BBC, a maioria dos 650 deputados federais britânicos é favorável à permanência do Reino Unido na UE. Ao menos 450 deles, de diversos partidos, articulam o lobby na tentativa de garantir a permanência britânica no mercado europeu – proposta polêmica e que deve enfrentar forte resistência dos outros países do bloco.

    A manutenção desse elo, por outro lado, forçaria o Reino Unido a manter suas fronteiras com a UE abertas para trabalhadores europeus e continuar contribuindo para o orçamento do bloco – o que desagrada os partidários da Brexit.

     Como serão as negociações com os outros países europeus?
    A negociação com os outros países no Parlamento Europeu, que não tem data para começar, tem prazo máximo de dois anos, ainda segundo a BBC. Os outros países membros ainda precisam ratificar a saída para que seja formalizada.

    Vale destacar que o Parlamento Europeu tem poder de veto sobre qualquer acordo que estabeleça as novas modalidades de relacionamento entre o Reino Unido e a União Europeia.
    A negociação é muito complexa, já que exige rescisão de tratados internacionais. Só com a União Europeia, há pelo menos 80 mil páginas de acordos. Por isso, após a negociação, é provável que exista uma fase de transição. 

     Qual será o impacto para os imigrantes que moram no Reino Unido?  
    O impacto na legislação interna britânica também será grande. Para começar, o Parlamento precisa derrubar os atos que dão primazia à lei europeia sobre a britânica.

    Isso implica, entre outras decisões, estabelecer uma nova política migratória, uma das principais reinvindicações dos partidários da Brexit, que exigiam medidas mais restritivas.
    Quem atualmente se beneficia das regras de livre circulação no bloco passará a se submeter às regras estabelecidas pela legislação nacional britânica, segundo a BBC.
    Para quem já está no Reino Unido com visto gerido por essa legislação – com visto de trabalho, estudo ou cônjuges de britânicos – pouco deve mudar.

    No ano passado, entraram no país 330 mil imigrantes, metade deles da União Europeia, que se favoreciam da livre circulação prevista pelo bloco. Cameron prometeu reduzir esse número para menos de 100 mil por ano e tem estado sob forte pressão por não conseguir cumprir essa promessa.

    Durante a campanha, os proponentes da saída propuseram um sistema inspirado no modelo australiano. Nesse sistema, os imigrantes são aceitos em vagas disponíveis nas diferentes categorias de cotas, segundo a BBC.

    Atualmente, o Reino Unido já possui um sistema baseado em categorias, que rege a entrada de estudantes, visitantes, trabalhadores qualificados e com pouca qualificação. Porém, nem todas as categorias são preenchidas, porque o livre fluxo de cidadãos da UE naturalmente atende à demanda por imigrantes.

    Setores que empregam mão de obra pouco qualificada, como construção civil, agricultura e limpeza, por exemplo, são tipicamente abastecidos com trabalhadores do Leste Europeu.


     Imigrantes serão expulsos do Reino Unido?
    Analistas e políticos ouvidos pela BBC dizem que a mudança será gradual e que ninguém terá de deixar o país da noite para o dia.

    Atualmente, cerca de 3 milhões de cidadãos europeus vivem no Reino Unido, vindos principalmente da Polônia (850 mil), da República da Irlanda (330 mil) e de diversos países do antigo bloco soviético. Esses podem pedir a residência permanente no Reino Unido quando completarem cinco anos vivendo no país. Com a Brexit, o Certificado de Residência Permanente para Cidadão da UE, no entanto, deve deixar de valer.

    A autorização para viver no Reino Unido indefinidamente (Indefinite Leave to Remain), que é regida pela legislação nacional, não deve ser modificada.

    Nos dois casos, a cidadania só é obtida um ano depois do migrante mostrar o domínio da língua e ter conhecimento básico do funcionamento da sociedade britânica.

     Qual é o impacto nos países do Reino Unido?
    A disputa apertada e as disparidades entre os países que compõe o Reino Unido (Inglaterra,Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales) vão deixar sequelas.

    O placar final do referendo foi 17.410.742 votos a favor da saída e 16.141.242 votos pela permanência – uma diferença de apenas 1,2 milhão de votos. A Escócia (66%) e Irlanda do Norte (56%), que votaram majoritariamente pela permanência, já discutem a possibilidade de se tornarem independentes do Reino Unido. 

    Na Escócia, o resultado impulsiona um novo debate sobre a independência. Em 2014, o país tinha decidido permanecer no Reino Unido. A chefe do governo regional escocês, Nicola Sturgeon, anunciou que deseja realizar um segundo plebiscito. "Como as coisas estão, a Escócia enfrenta a perspectiva de ser tirada da UE contra a sua vontade. Eu acho que isso é democraticamente inaceitável", disse.

    Na Irlanda do Norte, lideranças republicanas, favoráveis a uma reunificação com a Irlanda também cogitaram a possibilidade de um plebiscito sobre independência.

     Quais são os impactos para a economia britânica?
    Assim como os outros países do bloco, o Reino Unido também faz contribuições financeiras à União Europeia. A quantia total arrecadada entre todos os países-membros é repartida de forma equitativa.

    m dos argumentos dos britânicos a favor da saída do bloco é de que o Reino Unido mais contribui com a UE do que recebe recursos. Isso porque os fundos pagos pelo Reino Unido para o orçamento europeu contribuem para financiar programas e projetos em todos os países da UE. O Reino Unido também tem projetos financiados por fundos estruturais e de investimento do bloco.

    No entanto, a soma da contribuição britânica com a UE é maior do que os gastos do bloco com o Reino Unido. Segundo dados da própria União Europeia, em 2014 o Reino Unido contribuiu com € 11,3 bilhões à UE, o que corresponde a 0,52% de seu rendimento nacional bruto. Em contrapartida, as despesas do bloco com o país foram de € 6,9 bilhões, ou 0,32% do rendimento bruto.

    O professor Otto Nogami, do MBA do Insper, aponta os prejuízos internos sofridos pelo Reino Unido graças a esse “desequilíbrio monetário”, com mais saída que entrada de dinheiro no país. “Isso acaba criando uma pressão inflacionária maior, domesticamente falando”, diz.
    Mas Paulo Figueiredo, diretor de operações da FN Capital, aponta que os impactos econômicos para o Reino Unido vão além dessa diferença entre contribuição para a UE e investimentos recebidos. Segundo o especialista, a receita britânica deve cair sem a livre circulação de mercadorias e pessoas entre os países do bloco.
    “O Reino Unido contribui mais do que se recebe, mas se isolando no bloco essa conta talvez não vá fechar. Será muito mais difícil se ter uma receita sem o livre trânsito de mercadorias e pessoas. Esse ganho que o Reino Unido tinha com a União Europeia vai cair muito.”

    O professor do curso de Relações Internacionais da FAAP Marcus Vinicius de Freitas lembra, no entanto, que o desejo de reorganização da economia pode ser justamente o fator que motiva muitos britânicos a votarem pela saída do bloco. “Existem regras da União Europeia com relação ao sistema financeiro, bancário, administração das finanças públicas. O que os britânicos questionam é que o projeto da UE não é o que eles ambicionam”, diz o especialista.

    Qual é o impacto para o comércio exterior britânico e europeu?
    A participação na União Europeia permite que os países comprem e vendam produtos e serviços entre si sem a aplicação de taxas e impostos dentro da área comum. O Reino Unido então passará a ter taxas diferentes no comércio exterior com os países europeus em relação às praticadas agora, podendo inclusive trocar de parceiros.

    "Na UE, o que se formou foi uma união aduaneira, além de ser uma área de livre comércio e também de união tarifária em termos de comércio internacional", explica Otto Nogami.
    Paulo Figueiredo afirma que a saída do bloco pode prejudicar o comércio britânico, "pois ele deixa de contar com a livre circulação do bloco.
    Já Nogami aponta que pode haver benefícios. Segundo o especialista, a entrada na UE "fez com que a Inglaterra, que era importadora de carne da Austrália, por exemplo, fosse obrigada a renunciar e passar a importar do continente. Isso são os acordos comerciais, se permite o livre comércio entre os integrantes em detrimento de outros países”, explica Nogami.
    "Nesse sentido, com a saída, a Inglaterra pode ter condições comerciais melhores do que com seus parceiros do continente europeu. Já para a União Europeia, acaba representando ônus", diz o professor.

    Qual será o impacto nas importações e exportações de outros países, incluindo o Brasil?

    As negociações com países fora do bloco se tornam mais livres, como pontua Marcus Vinicius de Freitas.
    Já Paulo Figueiredo aponta que "o Brasil não vai se beneficiar tanto". "A facilidade é um pouco maior, mas o Reino Unido não é um grande parceiro comercial do Brasil, não tem tanta influência."
    O professor Otto Nogami afirma que uma eventual saída do Reino Unido do bloco significa a extinção de uma das bases do tripé no qual está apoiada a União Europeia.


    "O Brasil se beneficiaria eventualmente, porque agora poderia exportar para os britânicos produtos primários que sofrem algum tipo de impedimento na entrada na União Europeia. A negociação passa a ser bilateral simples, com um único país", diz Otto Nogami.
    Em maio de 2016, o Brasil exportou US$ 256 milhões em produtos para o Reino Unido, o que equivale a 1,4% do total de exportações brasileiras no mês, segundo dados do Mistério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
    Segundo a União Europeia, o Reino Unido exporta principalmente para os EUA, a Alemanha e os Países Baixos. Por sua vez, as suas importações vêm sobretudo da Alemanha, da China e dos EUA.
     Quais são os impactos econômicos para o bloco?
    “Toda a estrutura da UE está baseada na Alemanha, França e Reino Unido. Na medida em que se tira um deles, a estrutura fica capenga. São as três economias mais fortes e representativas, e tirar uma delas pode desestabilizar a economia da União Europeia", diz.
    "Todo o peso acaba recaindo sobre a Alemanha, porque hoje a França está totalmente desestabilizada. O que não se sabe é até que ponto a Alemanha teria condições de carregar todo o continente nas costas, economicamente falando."

     Quais impactos para outros países, como o Brasil, se a União Europeia perder força?
    Paulo Figueiredo aponta que a principal incerteza após a decisão britânica é com relação ao posicionamento de outros países europeus.

    “A grande questão é a incerteza que essa saída vai gerar e a brecha que abre. A gente já teve discursos na Holanda e na França de que também deve ter uma votação para permanecer ou não. E isso pode enfraquecer muito o bloco. Com possíveis saídas de outros países, talvez se tenha um movimento igual na Alemanha. Tudo isso traria um problema econômico, porque o bloco deixaria de existir.”
    “Todas as alianças comerciais que os países da União Europeia têm com o resto do mundo teriam que ser refeitas. Isso traria uma complicação muito grande", completa o especialista. "Se a gente começa a ver que o bloco perde força, aí sim vai trazer um impacto para o Brasil e outros países."
    Em 2015, o Brasil exportou US$ 33,9 bilhões em produtos para países da União Europeia, o que significa 17,7% do total de exportações do país no ano, segundo dados do MDIC.
    G1