segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A violência no Brasil e seus números assustadores

Mapa do Super Interessante compara os países que, somados, teriam a mesma quantidade homicídios do Brasil. Mais da metade do mundo (incluindo China, EUA, Russia).



Brasil = EUA, Canadá, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, China, Mongólia, Malásia, Indonésia, Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Japão, Portugal, Espanha, Reino Unido, Irlanda, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Alemanha, Itália, Suíça, Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Áustria, Hungria, Belarus, Ucrânia, Romênia, Moldávia, Bulgária, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegóvina, Sérvia, Montenegro, Albânia, Grécia e Macedônia
O Brasil teve 59 mil assassinatos em 2015. Dez anos antes, eram “apenas” 48 mil. São mais homicídios do que os 52 países listados no mapa. Mas 52 é um número grande demais, e essa lista inclui muitos países pequenos e ricos, você pode argumentar, e com razão. Certamente incluir a achocolatada Suíça (57 assassinatos em 2015) ou o endinheirado Grão-Ducado de Luxemburgo (QUATRO em 2014) deturparia a quantidade de nações comparadas. Além disso, somos um gigante de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e 207 milhões de habitantes. Não seria injusto comparar com esses países pequetiticos? Até mesmo a França, que tem um dos maiores territórios da Europa, é do tamanho da Bahia, apenas o 5º maior estado brasileiro.
Então tome o continente inteiro de uma vez. A Europa tem 10,1 milhões de quilômetros quadrados, área um tanto maior, mas ainda assim comparável à do Brasil. Mas são 743 milhões de pessoas – muito mais do que aqui. Ainda assim, o continente inteiro teve 22 mil assassinatos no último ano contabilizado. O Brasil (com uma população mais de três vezes menor), teve quase o triplo.
Então pegue a Indonésia. Maior país de maioria muçulmana do mundo, 1,9 milhão de quilômetros quadrados, 253 milhões de almas. Um arquipélago grande, populoso e pobre: ainda assim, foram 1,2 mil assassinatos em 2014. Se for comparar conosco, não dá para o gasto: basta o Espírito Santo de 2016 para chegar ao mesmo número.
E os Estados Unidos, cheio de crimes, atiradores compulsivos, nacionalistas raivosos e repressão policial? Foram 15,7 mil homicídios em 2015, em um território de 322 milhões de humanos. Isso dá 4,8 por 100 mil habitantes. No Brasil, 28,9 – é como se alguém de Lagarto (SE), Assis (SP) ou Iguatu (CE) convivesse com o fato de que 30 moradores da cidade foram assassinados no último ano.
Mas calma, você ainda pode argumentar que os dados de muitos países são menos confiáveis que os do Brasil. Esse mapa mesmo inclui a Líbia, país dilacerado pela guerra desde 2011. As 156 vítimas no país em 2015 foram consideradas alheias ao conflito, mas, ainda assim, pode-se torcer o nariz para o dado. Mas é também justamente pela dificuldade em quantificar esses crimes em um cenário belicoso que as guerras não entram na conta. Afinal, guerra é outra coisa. O último dado disponível da Síria é de 2010, antes da guerra: 463 assassinatos, taxa de 2,2 por 100 mil. Naquele ano, o Brasil teve 53 mil, com taxa de 27,8.
Em tempo, a Guerra Civil da Síria já matou, na média das estimativas, 350 mil pessoas, o que pode colocá-la na lista das 100 matanças mais mortíferas da história.
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), que agrega os dados de todos os países, define o seguinte: “Dentro da grande gama de tipos de morte violenta, o elemento primordial do homicídio intencional é sua completa ligação com o perpetrador direto, o que consequentemente exclui mortes causadas por guerras e conflitos, mortes autoinfligidas (suicídio), mortes devido a intervenções legais ou motivos justos (como autodefesa, por exemplo) e mortes quando houve negligência do perpetrador mas este não tinha a intenção de tirar uma vida (homicídio não intencional).”
Guerras postas de lado, voltemos à violência urbana e rural. O mapa ainda tem Rússia, país que não é lá um sinônimo de paz. Foram 16,2 mil assassinatos em 2015, uma taxa de 11,3 mortes do tipo a cada 100 mil pessoas. Já a gigante China, com seu 1,3 bilhão de habitantes, registrou 10 mil homicídios em 2014 – mas, aqui, cabe a ressalva de que, apesar da queda expressiva de crimes nos país nas últimas décadas, os números oficiais são enganosos. Assassinatos ocorridos juntamente com roubo ou estupro podem ser descartados da estatística.  Ainda assim, os números chineses precisariam ser 36 vezes maiores para se equipararem aos brasileiros.
Se for ver com lupa, quase todo mundo vai ter asterisco e nota de rodapé. Metodologias que podem variar um pouco, burocracias falhas, corrupção governamental. Só que o problema é que mesmo se duvidarmos dos dados de todos os países, o Brasil tem tanta vantagem nesse terrível ranking que fica difícil demais contra-argumentar. Você pode fazer variações do mapa. Tem uma no Reddit que troca os Estados Unidos por um punhado de nações na África Subsaariana e no Sudeste Asiático. Entre os países mais sanguinários em números absolutos, o único que se compara ao Brasil é a Índia, com 41,6 mil homicídios em 2014. O problema, lembrar não custa nada, é que a população da Índia é mais de seis vezes maior que a nossa.
O resto dos 10+ da lista está em um patamar bem inferior: México (20,7 mil), África do Sul (18,6 mil), Nigéria (17,8 mil), Venezuela (17,7 mil), os já citados Rússia e EUA, Paquistão (13,8 mil) e Colômbia (12,7 mil)Ou seja, troque os 52 países do mapa, que inclui, como vimos, países bonitinhos, fofos e civilizados, e troque por um punhado de lugares aonde você passaria férias, mas sempre ouviria da sua mãe: “cuidado por lá, é muito violento”. Combo 1: México + África do Sul + Colômbia: 52 mil. E países acossados pelo terrorismo? Combo 2: EUA + Rússia + Nigéria + Paquistão = 63,5 mil. Só um pouco mais que o Brasil.
E em termos proporcionais? Aí o Brasil cai para 14º. Todos os países com uma realidade ainda mais violenta (de novo, sem incluir aqueles em estado de guerra) são África do Sul, Venezuela e pequenas nações da América Latina, Caribe e África.
Mas talvez esses números e países que não nos dizem muito não sejam o problema em enxergar o tamanho da encrenca. Porque o Brasil pode ser o país com o maior número de assassinatos por ano, mas ainda assim você pode morar no Jardim Paulista, em São Paulo, tão pacífico quanto a Suécia. Ou em Nossa Senhora da Apresentação, o bairro mais violento de Natal, a cidade mais violenta do Brasil e a 10ª do mundoSó no primeiro semestre de 2017, o bairro da capital potiguar registrou 40 homicídios .
Um bairro, em seis meses, teve mais assassinatos do que 66 países e territórios computados pelo UNODC.
Nossa Senhora da Apresentação, em um semestre, é mais violento que a Croácia inteira em um ano.
Um último porém. O Brasil do mapa é o de 2015. Em 2016, ficou pior. Chegamos a 61,6 homicídios. 

sábado, 24 de novembro de 2018

A natureza luta para ressurgir da lama três anos após tragédia de Mariana


Mato brota nas ruínas de Bento Rodrigues, comunidade devastada pelo rompimento da Barragem de Fundão(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
O tsunami de rejeitos de minério de ferro que varreu o vilarejo de Bento Rodrigues, no município de Mariana, na Região Central de Minas, também engoliu cerca de 80% da vila de Paracatu de Baixo, que ficava rio abaixo. Hoje, exatamente três anos depois da maior tragédia socioambiental brasileira, o cenário nas áreas atingidas desses dois subdistritos é semelhante. O rejeito que cobriu ruas, quintais e residências, atualmente está sob um tapete de mato e capim. Um verde que extravasa pelas portas, janelas e telhados, servindo de abrigo para animais peçonhentos como escorpiões e aranhas. 

Devastação 
Os animais só sobreviveram porque a notícia de que a lama estava vindo chegou antes, permitindo salvar o gado de leite. Mas os impactos na vida do produtor foram devastadores. “Não tiro mais leite, porque não tenho mais onde guardar (estocar) nem transportar. Minha mulher é professora na escola. Como a escola foi para Mariana, ela não vem mais aqui comigo. Meus filhos também conseguiram trabalho na cidade. Por isso, há dias que quem fica aqui sou só eu e meus bezerros”, disse. Apesar de sua tenacidade, o produtor rural já admite abandonar Paracatu de Baixo. “Aqui, não tem mais jeito não, teremos de viver em outro lugar mesmo. Começar de novo, ter as vacas de novo. A vida era tranquila, muito pacata. Em volta da minha casa viviam umas cinco famílias de parentes, todos meus vizinhos”, lembra. Os habitantes de Paracatu de Baixo escolheram uma área rural a seis quilômetros de lá, chamada Lucila e que vai receber cerca de 120 famílias.


Corjesus Peixoto é único produtor rural que ainda trabalha no marco zero da devastação de Paracatu de Baixo

(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Apesar de haver locais onde as atividades tradicionais e a natureza parecem ter sido completamente devastadas, aos poucos o meio ambiente e algumas ações da Fundação Renova e outras instituições conseguem restaurar parte dos ecossistemas. Para a recomposição da bacia atingida dos rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce, a Fundação dividiu a área total em 17 trechos, desde a barragem rompida até o mar. Em cada área uma solução diferente vai ser implementada (veja mapa). “Há locais nos quais a retirada dos rejeitos poderá trazer um impacto ainda maior para a natureza. Temos de levar em conta a movimentação de caminhões, a geração de poeira e a destinação do rejeito removido para um local adequado. Uma parte desse rejeito já está estabilizada, com uma camada de sedimentos e até mesmo de vegetação que naturalmente recobriu tudo”, afirma a líder do programa socioambiental da fundação, Juliana Bedoya.
(foto: Arte/EM)

Ao mesmo tempo, também foram indicados locais onde a remoção dos rejeitos da natureza deve ocorrer para impedir que esse material seja reintroduzido nos recursos hídricos com as chuvas. “Um exemplo disso é a cachoeira de Camargos (pequeno povoado perto de Bento Rodrigues). Eles perderam um ponto tradicional deles. Vamos remover o rejeito e recuperar a cachoeira. Pediram área de camping e uma praia artificial. Vamos moldando isso e promovendo a retirada de rejeito”, disse.

Um dos “laboratórios” onde a Fundação Renova testa essas medidas de recuperação ambiental é o chamado Trecho 8, um segmento de nove quilômetros entre os vilarejos de Bento Rodrigues e Bicas que foi soterrado por uma carga impressionante de 500 mil metros cúbicos de rejeitos (cerca de 2,5% do total despejado entre a barragem e a Represa de Candonga). É nesse local que os impactos e experiências são observados, bem como a regeneração natural e a necessidade de replantio. Ao todo, a barragem rompida deixou escapar 40 milhões de metros cúbicos, sendo que 6,5 milhões ainda estão em Fundão.
Fundação Renova busca recuperar áreas próximas ao Rio Gualaxo(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)

domingo, 18 de novembro de 2018

Ciclones e Anticiclones


As massas de ar tendem a deslocar-se das áreas de mais alta pressão para aquelas de mais baixa pressão. Elementos que caracterizam ambas as áreas são os ciclones e os anticiclones. Os primeiros consistem num centro de convergência de ventos, por razão da baixa pressão.
Já o segundo consiste num centro de dispersão de ventos, por motivo de alta pressão que encerra. Dada a convergência de ventos para uma só área, os ciclones normalmente portam grandes distúrbios climáticos, ao passo que a dispersão de ventos gerada pelos anticiclones faz com que estes sejam portadores de climas caracterizados por calmaria.

Assim como as correntes oceânicas, há diferenciação no sentido de deslocamento de ventos de ciclones e anticiclones do hemisfério sul para o hemisfério norte. A dispersão de ventos dos ciclones segue a orientação dos ponteiros de um relógio no hemisfério norte (sentido-horário), enquanto os ciclones do hemisfério sul seguem orientação anti-horária.

Exatamente o oposto ocorre com os anticiclones: no hemisfério sul seguem orientação de sentido horário, enquanto no hemisfério norte seguem orientação anti-horária. Dadas as influências das estações do ano sobre as temperaturas das diversas regiões do planeta, além da alteração das correntes de ar e das massas continentais, os ciclones por consequência deslocam-se por trilhas bastante previsíveis.
Os ciclones são fatores responsáveis pela circulação de massas de ar quentes e frias. Nas diversas regiões do mundo, os ciclones recebem denominações diversas: furacões, tornados e tufões.

Vestibular1